Eu tinha uma ideia e duas fotos. Aí achei a terceira. Aí depois não achei mais nada. E a ideia ficou. E a foto também. O fato é que depois que vi essa, não consegui achar mais nada que se encaixasse na ideia inicial. Ela se preencheu por si só. Aí então mandei a ideia pastar e fiquei com a foto =D
E aí descubro de quem é a bendita foto. E descobri que ela me lembrava outra coisa, outro lugar, nada a ver com o lugar em que ela foi tirada (Feira de São Joaquim, Salvador, BA // Thiana Chaves).
Eis:
“Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao moirão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé, não. O que lhe amolecia o corpo era a lembrança da mulher e dos filhos. Sem aqueles cambões pesados, não envergaria o espinhaço, não. Sairia dali como onça e faria uma asneira. Carregaria a espingarda e daria um tiro de pé de pau no soldado amarelo. Não. O sldado amarelo era um infeliz que nem merecia um tabefe com as costas da mão. Mataria os donos dele. Entraria num bando de cangaceiros e faria estrago nos homens que dirigiam o soldado amarelo. Não ficaria um para semente. Era a ideia que lhe fervia na cabeça. Mas havia a mulher, havia os filhos, havia a cachorrinha”.
Graciliano Ramos – Vidas Secas
//fotografia: Fotos minhas, textos alheios. Ou vice-versa*
*Foto alheia, texto alheio. Veja mais fotos de Thiana Chaves.
Pingback: // #DiadoBlogueiro | Interlúdio